quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ano novo!

Escrever sobre a passagem de um ano para o outro é uma tarefa inglória. Sempre nos arriscamos a cair nas mesmas armadilhas, cometer os mesmos erros de tantos que se manifestam sobre esse tema, escrevendo as mesmas frases feitas tão repetidas nesta época.
Mas não temos como deixar de notar que esse é um período no qual um sentimento básico do ser humano se torna mais presente: é a esperança! Aquela sensação de que algo de novo poderá acontecer e mudar o curso de nossas vidas. É aquele sentimento que nos faz levantar da cama mesmo nos momentos nos quais nos entregamos a mais profunda tristeza!
Afora a leda fantasia de que a simples e artificial passagem do calendário irá alterar o curso das coisas, não se pode negar que a esperança é o combustível que alimenta os nossos sonhos, os nossos projetos. Sem esperança ficaríamos inertes, imóveis, assistindo a nossa vida passar como um filme do qual somos apenas coadjuvantes.
Deste modo, renovemos nossas esperanças! Um feliz ano novo a todos! (Algumas frases feitas são mesmo insubstituíveis).

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Recuperando o Poder Pessoal!

Uma das conseqüências mais prementes da visão dualista do mundo (o mundo lá fora/eu aqui dentro) talvez seja a alienação do poder pessoal. Daquela sensação de completude, de ser inteiro, um todo. Do sentimento de que a dignidade do ser humano decorre de sua simples existência.
A adoção irrestrita da visão dualista nos retira parte do poder pessoal e o lança nos objetos e nos outros. Assim, o indivíduo, sentindo-se incompleto, insatisfeito, vai procurar no exterior aquilo que aparentemente preencheria este vazio.
Mas essa é uma busca sem fim, visto que o sujeito procura por algo que não lhe falta, tendo em vista que nenhum objeto ou pessoa será capaz de restabelecer a sensação de plenitude perdida.
A completude perdida – melhor seria dizer aparentemente perdida – é "recuperada" ao se estabelecer contato com a sua essência pessoal. Não se cuida de uma busca, mas de um retorno! Uma volta para casa depois de muito perambular em busca de substitutos para o Absoluto.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Crenças limitantes!

Crenças são a síntese de um amontoado de experiências e vivências, de imaginações que o individuo adota como suas verdades. Elas são os filtros com os quais o sujeito se guiará pela vida.
Experiências as mais díspares na maioria das vezes serão distorcidas para fazer valer tais crenças, mesmo que essas crenças limitem a nossa vida.
Ancorado nessas certezas tão profundas, não há espaço para outra visão dos fatos, para o contraditório. Nos tornamos rígidos, inflexíveis. A adoção incondicional de crenças limitantes nos faz semelhantes ao sujeito que tem medo da luz, pois só conhece o escuro.
Para iniciar o desmonte do castelo de crenças limitantes talvez seja necessário se ter em mente que nossa visão do mundo é apenas isso: uma visão do mundo entre tantas outras, aceitando-se a possibilidade de que as crenças que limitam a vida, que vão contra os interesses legítimos do individuo não sejam verdadeiras. Não passam de quimeras construídas pelo auto-engano, produtos de uma visão distorcida dos fatos.
Aceitando-se tais premissas, faz-se necessário iniciar o processo de diluição das crenças limitantes, abrindo-se caminho para uma nova visão do mundo, mais condizente com o desejo genuíno de auto-realização!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Um novo olhar!

Durante a nossa passagem pela vida assumimos determinados conceitos, visões de mundo, crenças que acabam servindo como um filtro de interpretação para quase todas as nossas experiências posteriores.
Arraigados nas nossas certezas esquecemos de ver o mundo com um novo olhar, desprovido de condicionamentos. Ver o mundo como uma criança que pela primeira vez mira a exuberância da criação!
O olhar condicionado pelas experiências passadas na verdade não enxerga o que mira, pois as lentes estão embaçadas pelos resquícios do passado. E assim, oportunidades de mudança, de crescimento se vão sem ao menos nos darmos conta, pois o nosso olhar está voltado para o passado ou sonhado com um futuro...
Limpando os nossos olhos dos condicionamentos quem sabe não concluiremos que boa parte das nossas crenças apenas limitam nossa vida. Crenças limitantes são lixos existencias que devem ser transmutados para que uma nova forma de enxergar o mundo se instale.
Afinal, assim como um copo meio cheio ou meio vazio depende do ponto de vista de cada um, as experiências vividas permitem inúmeras interpretações, de acordo com as crenças, com o filtro de interpretação utilizado pelo sujeito.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Aceitar-se incondicionalmente!

Para viver em comunidade criamos um pequeno eu. Feito de lembranças, sensações e sentimentos, esse pequeno eu muitas vezes é idealizado. Nele colocamos tudo o que consideramos nossas qualidades e repudiamos para o outro lado aquilo que consideramos não ser condizente com o que se espera de nós.
E assim corremos o risco de nos aprisionarmos e nos tornarmos reféns do exterior. Se o pequeno eu for aceito, tudo bem! Mas se o pequeno eu não for aceito ou se alguns dos seus aspectos não forem benquistos, isso será nossa ruína. Colocaremos mais energia na produção desse pequeno eu, apresentado desculpas e justificativas...
Neste passo, acabamos nos esquecendo que não somos apenas esse pequeno eu idealizado. Somos muito mais: um ser humano inteiro. Um ser que sente toda a variada gama de emoções, sentimentos. Um ser assim tão complexo não poderia mesmo ficar marcado por esta ou aquela qualidade, este ou aquele aspecto, taxado disso ou daquilo.
Para transcender os limites desse eu tão idealizado talvez fosse o caso de nos aceitarmos incondicionalmente. Aceitar-se incondicionalmente, não apenas quando alguma coisa nos alegrar! Aceitar-se incondicionalmente, não apenas quando conseguirmos algo muito almejado. Aceitar-se incondicionalmente, não apenas quando recebermos elogios.
Enfim, aceitar-se incondicionalmente é ancorar-se no Ser. É estar além do passageiro, do efêmero, dos objetos. É ter a consciência que a nossa dignidade decorre do simples fato de existirmos!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parábolas de um Buscador - as sendas da Verdade!

Em sua caminhada Buscador trilhou diferentes caminhos, veredas diversas que levavam sempre a uma imensa construção. Nessas construções se reuniam seres de todos os tipos em busca de uma orientação. Todos queriam aquietar aquela angústia que sentiam, todos queriam ao menos, por um breve instante, conhecer a verdade.
Muitas orientações eram fornecidas pelos guardiões das construções. Sendo que todos os guardiões se consideravam os exclusivos possuidores da receita que levaria ao conhecimento da verdade. Eles tinham sempre a mesma orientação:
- Este é o caminho da verdade. Nós somos os únicos que podemos te levar a conhecer a verdade. Fora daqui você está perdido!
Ao mesmo tempo em que defendiam que o seu caminho era o único, o que excluíria todos os outros caminhos, os guardiões postulavam que o seu deus era um ser de puro amor. Isso deixava Buscador ainda mais cheio de dúvidas:
- Se o deus dos guardiões é um deus de puro amor, como poderia excluir do conhecimento da verdade todos aqueles que não se encontravam detrás dos muros das construções erguidas pelos inúmeros guardiões?
Essa dúvida atravessou a mente de Buscador como um relâmpago numa noite escura. Buscador então resolveu ir procurar outras orientações.
Perambulando pelo deserto, faminto, Buscador deparou-se com um ser que lhe parecia familiar, mas na confusão mental em que se encontrava Buscador não conseguiu perceber quem era.
O ser ficou de frente para Buscador e lhe disse:
- Olhe nos meus olhos: o caminho que tanto procura não é externo. Não existe uma vereda trilhada com uma seta apontado: Siga, lá em frente você encontrará a verdade! O caminho para encontrar a verdade está dentro de ti. As veredas que deverão ser trilhadas se encontram no teu Ser. Não procure por Ele exclusivamente nas construções nem nas orientações dos guardiões. Nelas você talvez até encontre uma seta, mas nunca um mapa completo.
Ainda surpreso diante daquela orientação, Buscador questionou:
- Seja mais claro! Como posso encontrar a verdade? Como posso aplacar essa minha angústia que me faz perambular por todos os caminhos, por todas as veredas, nessa caminhada que nunca tem fim?
O ser apenas respondeu:
- Olhe nos meus olhos e encontrará o caminho!
Buscador seguiu o conselho e, em êxtase, adormeceu.
Ao acordar Buscador notou que não estava no deserto, mas dentro de seu quarto, em frente ao espelho!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Os ruídos da mente.

Se a vida é vivida no presente, os ruídos da mente nos afastam do presente e nos impedem de ouvir a verdadeira sinfonia da existência. Os ruídos da mente são os pensamentos repetitivos, os afetos enrustidos, os sentimentos não trabalhados, a energia estagnada...
Os ruídos da mente nos impedem de ver saídas para os nossos problemas, pois sempre nos remetem para velhas soluções. Como um disco arranhado, repete sempre a mesma e cansativa melodia, sem deixar espaço para o desbravemento de novas veredas.
Os ruídos da mente formam uma neblina que nos impede de ter um contato direto com o Ser: com aquela parte que está mais próxima da origem. Com aquela parte que possui as soluções mais criativas, mais inovadoras, pois se encontra em contato direto com a fonte da exuberante diversidade e criatividade que envolve todo o universo.
Os ruídos da mente são produzidos pelo nosso pequeno eu. Esse pequeno eu que acha que conhece tudo apenas porque uma vez "viu-sentiu-imaginou". Esse pequeno eu tão cheio de certezas que custa a reconhecer que é apenas uma pequena onda no mar da consciência.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A vida é vivida no presente!

A noção de tempo é dividida em passado, presente e futuro. Sob essas três noções criamos o nosso mundo subjetivo. Do passado restam apenas lembranças, sensações que ficaram marcadas em nossa mente. Vivências que nos servem como um filtro de interpretação para situações vividas no presente que se assemelham às do passado.
Já o futuro se mostra como uma vaga esperança de que alguma coisa diferente irá acontecer. A esperança de que as situações ou nossos sentimentos serão diferentes quando chegarmos num indefinido momento lá adiante.
Tendo o passado vívido na memória e sempre nos ancorando num futuro que nunca chega, esquecemos do presente, o único momento no qual realmente existimos, visto que o passado já não existe mais e o futuro é uma mera promessa, uma probabilidade.
As lembranças do passado e a espera pelo futuro no retiram do momento presente. Desse momento que não tem compromisso com os equívocos do passado e que não sabe nada do futuro, pois o presente é um campo aberto de possibilidades, um tempo de mudança, de plantar novas sementes.
O presente é este momento de liberdade, um vasto e límpido campo pronto para ser vivido. Ele não quer saber de seu passado nem do seu futuro. O presente almeja apenas ser sentido e vivido em sua totalidade, sem amarras, sem falsas esperanças. Um momento para ser vivido em sua plenitude, em sua inteireza, pois a vida é vivida no presente: neste exato instante que se descortina em nossos olhos.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Uma gota d'água que se afastou do oceano!

Preconizam os ensinamentos da filosofia perene que o ser humano é como uma gota d’água que se afastou do oceano e se esqueceu de sua verdadeira natureza. Uma gota d’água que se olvidou que também faz parte do oceano, pois apesar de aparentemente separada continua possuindo a mesma natureza do oceano. Continua sendo parte do oceano, muito embora tenha se esquecido.
Uma gota d’água que se esqueceu que era oceano, mas que guarda em si uma leve lembrança de sua origem. Nesses momentos, a "gota d’água" relembra de sua natureza oceânica, desejando, muitas vezes, voltar a ser oceano.
Quem sabe a "gota d’água" não foi "separada" do oceano para tão-somente descobrir que é oceano?!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Felicidade!

Muitos de nós acreditamos que a felicidade é uma meta a ser alcançada. Que depois de realizarmos todos os nossos desejos chegaremos lá: naquela situação meio indefinida, longínqua, chamada felicidade. Naquele momento lá no futuro! Naquele tempo e espaço onde nossos desejos serão realizados! Quando então seremos felizes!
E assim se inicia a grande busca. A busca incessante, sem descanso, pelo paraíso na Terra. Desejos são satisfeitos. Novos desejos surgem, sem que se chegue a este momento tão esperado. Outros objetos são postos a nossa frente numa busca incansável pela isca que nos leve enfim a sermos eternamente felizes.
Essa busca sem rumo pela felicidade parece ser motivada pela sensação de vazio interno. Os objetos são colocados em nossa frente com uma promessa de felicidade. Mas depois de alcançados, depois de passado o momento de breve satisfação que esses objetos supostamente suscitam (onde está o prazer: no objeto ou dentro de você?), a tão prometida felicidade não vem.

Essa busca parece que só cessará quando nos conscientizarmos de que não nos falta nada. Não nascemos com um espaço vazio dentro de nós que precisa ser preenchido por meio de ações ou de objetos. Somos seres inteiros, completos, cujas ações são motivadas tendo em mira a auto-realização. Mas que se permitem sentir momentos de prazer durante a caminhada, sem, no entanto, cultivar o auto-engano de que um dia lá no futuro todos os nossos desejos serão realizados. Afinal, a vida se vive no presente!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Parábolas de um Buscador - diálogo com seres diversos!

Em sua caminhada Buscador deparou-se com seres de todos os tipos. Mas um tipo de ser chamou a atenção de Buscador. Eles acreditavam que não tinham luz. Acreditavam que tinham nascido sem a centelha que dava a sensação de vivacidade aos demais seres.
Esses seres corriam pelo estranho país em busca daqueles que consideravam iluminados. Tentavam a todo custo "roubar" a luz deles, usando de todos os artifícios, tentando impor a crença de que eles também não mais possuiriam luz.
Buscador observou por um bom tempo esses seres: seriam eles despossuídos da centelha da vivacidade?
Um dia um desses seres se aproximou de Buscador e questionou-lhe:
- Nós sempre conseguimos roubar a luz dos outros e convencê-los de que eles não mais possuem luz. Que eles se tornaram um de nós. Mas você parece diferente, não conseguimos te convencer! Por quê?
Surpreso por ser interpelado dessa forma, Buscador respondeu:
- Durante um bom tempo tenho observado o comportamento de vocês. Não estou aqui para fazer julgamentos, mas não considero certo “roubar” a luz de outras pessoas! Tentar a todo custo convencê-las a se juntar a vocês - respondeu Buscador.
- Mas porque depois de tudo o que fizemos com você a sua luz não se apagou?
Buscador respondeu depois de um breve sorriso:
- Porque a luz que vocês tanto procuram está dentro de cada um de vocês. Todos temos dentro de nós uma centelha, uma chama de vivacidade. O que desvanece essa chama em vocês é a crença de que não seriam possuidores dessa chama interna. Mas ela nunca se apagou e continua aquecendo o interior, mas você e todos os seus não conseguem senti-la porque se desconectaram da chama, da centelha.
- Ora, Buscador! Nós não somos iguais aos outros seres! Nós não temos a centelha interna!
- Vocês são iguais a todos os outros seres, apenas acreditam, por diversos motivos, que sua luz se apagou e que necessitam possuir a luz dos outros!
Diante do ar de incredulidade do referido Ser, mirando seus olhos questionadores, Buscador finalizou:
- Se vocês desejam mesmo ver a centelha interna brilhar devem procurá-la dentro de cada um de vocês e cultivá-la, para que ela nunca mais se desvaneça.
Ainda cheio de dúvidas, o Ser juntou suas forças para dizer:
- Muito obrigado!

terça-feira, 29 de abril de 2008

A Essência Imutável - III

Ela testemunha tudo, mas não sofre com os fatos. Ela vê tudo, mas não se perde com o que presencia. Ela nunca te deixa só. Permanece sempre contigo. Nos momentos mais sofridos, ela será o teu conforto, o teu ponto de apoio: a Essência Imutável do teu ser. Aquela parte que conhece a tua verdadeira natureza, que não se engana com as falsas promessas do mundo. Ela não precisa de subterfúgios para transcender, pois ela é a própria transcendência. Ela não precisa de substitutos do absoluto, pois ela é o Absoluto. Ela não necessita de veículos para o êxtase, pois ela é o Êxtase. Essa é a Essência Imutável que te acompanha em todos os momentos e que sabe antes de você conhecer!

terça-feira, 22 de abril de 2008

A Essência Imutável – II

A âncora do nosso ser não poderia estar fixada nos conceitos alheios, pois esses mudam como as nuvens no céu. São mutáveis e quase sempre parciais! A âncora do nosso ser não poderia se fixar em situações sociais, pois essas também se modificam a cada momento. Como se vê, a âncora do nosso ser não poderá estar no mundo exterior, pois nesse mundo tudo é transitório, efêmero... Se nos aportamos no mundo exterior poderemos ser levados para o fundo do mar do sofrimento, tão logo as situações exteriores se modifiquem. Assim, a âncora do nosso ser deverá se fixar na Essência Imutável. Naquela parte de nosso eu que se encontra além dos fatos, além das convenções sociais e dos modismos de época. Naquela parte que atravessa os tempos, que transcende o espaço. Naquela parte que não permaneceu perdida no passado, muito menos refugiada no futuro: na Essência Imutável que está presente neste exato momento em cada um de nós!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Essência Imutável!

Existe em cada um de nós uma Essência Imutável. Essência essa que está além dos acontecimentos. Não depende do que os outros acham. Independe da opinião que a própria pessoa tem sobre si e da sua posição socioeconômica.
Uma essência que transcende todo o sofrimento, que presencia tudo, mas que continua sendo a mesma Essência Imutável: a sua dignidade enquanto pessoa, o seu valor enquanto ser humano. Mesmo que a pessoa decida ou não reagir diante dos fatos da vida, impor ou não seu modo de ser, o seu valor enquanto pessoa independerá de tudo isso, se a âncora de seu ser for a Essência Imutável.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sentir não é pecado!

Parece meio óbvio, mas sentir não é pecado, pessoas boas também têm sentimentos ruins. O que diferencia pessoas boas de más talvez seja a tendência das más quase sempre agirem para o lado negativo e das boas tenderem para o positivo. Os sentimentos negativos devem ser sentidos, ouvindo-se o que eles dizem, entendidos e integrados. Ao sentir inveja não significa que a pessoa seja má, destrutiva. Talvez signifique apenas que o outro tem (ou aparenta ter) algo que ele (o invejoso) gostaria de ter ou que desconhece também possuir. Quem sabe a inveja não começasse a se diluir se lembrássemos que ninguém é responsável pelos nossos problemas, ninguém é culpado pelas nossas frustrações.
Talvez a culpa começasse a se dissolver se tivéssemos em mente que errar é humano, que todos estamos sujeitos a cometer erros. Isso não sem antes avaliarmos os motivos que nos levaram a cometer o erro, verificando se tal erro não poderia ser corrigido. Caso a correção do erro não fosse mais possível, restaria aceitar o fato e aprender a lição que a experiência trouxe, assumindo o compromisso de caminhar na direção do bem.

O ressentimento talvez iniciasse a ser dissolvido se reconhecemos que somos nós os responsáveis pelos nossos sentimentos. Ninguém tem o poder de nos causar essa ou aquela emoção negativa. Cabe a cada um de nós escolhermos se reagiremos ou não ao insulto ou à injúria, caso se faça necessário impor o nosso modo de ser. Depois de passada a situação seria bem melhor procurar dissolver a raiva, livrar-se do doloroso processo do ressentimento.

Para tanto, o caminho apontado desde os tempos bíblicos é o perdão. De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa perdão significa a remissão de pena ou de ofensa ou de dívida; desculpa, indulto. Perdoar significa que o sujeito se absteve do suposto direito de punir o outro pelo ato considerado ofensivo, injurioso. Longe de implicar submissão, o perdão é um ato de extrema sabedoria, pois a mágoa está dentro do ofendido, corroendo o seu ser como um fel.

O suposto ofendido produz o seu próprio sofrimento, sempre lembrando da situação indesejada e alimentando a raiva, "re-sentindo", sentindo novamente. Sempre pondo lenha no caldeirão da raiva! Quem sabe a raiva não pudesse começar a se dissolver se a suposta vítima lembrasse que a situação injuriosa aconteceu no passado, não no presente. Lembrasse que ele não é um perfeito juiz dos atos alheios e deixasse que todo o lodo se esvaísse. Afinal, somos nós os únicos responsáveis pela sensação de bem-estar interno. Ninguém domina os nossos sentimentos. Nós somos os responsáveis pelos nossos sentimentos...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

A parábola do Buscador!

Era uma vez um ser cujo nome era Buscador. Ainda em tenra idade Buscador foi enviado para um lugar desconhecido, sem nenhuma orientação. Sem ao menos um mapa que descrevesse o território onde iria residir.
Ao chegar neste lugar desconhecido, Buscador resolveu ouvir as orientações dos nativos daquele estranho lugar. Ouviu orientações de diversos seres, mas nada parecia fazer sentido. Alguns diziam que ele deveria buscar algo que lhe faltava numa grande construção que ficava no topo de uma montanha. Lá residiria a Verdade. Depois de atravessar o íngreme caminho em direção à estranha construção, o Buscador poderia encerrar rapidamente sua busca...
Ainda cheio de dúvidas, Buscador resolveu seguir diversos conselhos dos nativos. Subiu a montanha, acendeu fogueiras, fez sacrifícios, passou fome... Mas nada parecia completar aquele espaço vazio que o Buscador sentia dentro de si. Assim, a busca não poderia ser encerrada!
Ouviu de um outro nativo que o caminho que o levaria ao que tanto buscava seria o caminho das grandes realizações. Ainda cheio de dúvidas, Buscador seguiu o conselho. Realizou grandes feitos, construiu várias pontes, templos, conquistou territórios... Mas nada parecia ser suficiente para preencher aquele vazio que o Buscador sentia. Novos feitos, novas buscas foram empreendidas, durante longos anos.
Cansado de tanto buscar, um dia Buscador resolveu sentar e descansar. Era um belo dia de sol e uma brisa suave preenchia todo o campo verdejante. De repente, depois de prestar atenção apenas ao silêncio de sua mente por um bom tempo, de olhos fechados, Buscador sentiu que sua busca não fazia nenhum sentido, que por mais que buscasse nunca encontraria o que estava procurando, pois o que ele procurava somente poderia ser encontrado ao não procurar.
Sentindo-se feliz diante dessa lição, Buscador resolveu encerrar a Grande Busca: a busca por algo que não lhe faltava!

terça-feira, 15 de abril de 2008

A visão dualista do mundo.

A classificação dual – o mundo-lá-fora/eu aqui dentro – promove a divisão dualista entre as coisas e as pessoas. O feio e o bonito, o bom e o ruim, tudo ou nada, sucesso e fracasso. A adoção da visão dualista cria divisões e gera preconceitos. O que possui determinadas qualidades que são consideradas desejadas ou aceitas é considerado superior ao que não possui tais qualidades.
No discurso do "mundo-lá-fora/eu aqui dentro" o bem-estar do sujeito é quase um produto do meio. Os outros magoam, ferem e humilham. Exigem-se das pessoas comportamentos que se coadunem com os desejos do sujeito. Esquecendo-se que as pessoas agem segundo seus próprios interesses, que cada um é dono do seu destino.
A visão dualista do mundo (o mundo lá fora/eu aqui dentro) nos faz acreditar que não somos inteiros, que precisamos de algo que nos complete. Aí se insere a grande busca. A busca por algo que complete este vazio, por algo que nos dê a sensação de completude perdida.
Na infância muitos são levados a crer que precisam fazer algo para agradar as pessoas, que são possuidoras dessas e não daquelas qualidades. Instalada a sensação de vazio, de falta, de dívida o sujeito aliena parte de seu eu ao mundo, indo buscar no mundo exterior algo que prometa completá-lo. Esses “algos” são os objetos de status, o poder, o dinheiro etc...
A vida se torna um constante vazio, com um breve período de satisfação, para novamente retornar a grande busca: a busca por algo que não lhe falta!

Tudo era Luz!

"Eu lembro de uma energia boa, de estar completamente energizado, de me afastar da "sensação do eu" e de sentir que não havia fronteira entre o Eu e o Universo. Sentia uma alegria imensa pelo simples fato de existir. Era como se todo o véu tivesse sido removido, camada por camada tudo foi se desfazendo e a Verdade foi se mostrando e me enchendo de júbilo. Eu fiquei em êxtase, admirando a escuridão se desvanecer e a luz adentrar por toda a minha vida.
Eu era luz, tudo era luz.
Não existia tristeza, desejo ou sofrimento, tudo havia se tornado ínfimo diante daquela energia. Diante da Verdade, senti uma imensa alegria e comecei a ri. Ri de tudo: de nossa ignorância, de tudo ser tão simples.
Ri de alegria, de êxtase por, ao menos por alguns minutos, encontrar-me diante da Essência Imutável.
Meu corpo vibrava, cada célula do meu corpo vibrava.
Eu me sentia iluminado, não havia peso. Só havia êxtase, êxtase, êxtase. A Verdade parecia se mostrar em sua inteireza. Tudo parecia uma grande e divertida brincadeira. Um jogo de luz. Luz por todos os lados, luz em todas as direções. "Nós somos Luz, o Mundo é luz, tudo é luz".
A leveza e a alegria de viver pareciam me dominar e eu sentia vontade de agradecer: Obrigado, Obrigado, Obrigado! Diante de tanta beleza, lágrimas jorraram em meus olhos, ajoelhei-me e, mais uma vez, Agradeci, pois Nessa Noite Choveu LUZ!!!"

Estou na rede!

Este blog pretende veicular pequenos textos, de assuntos variados. Não tem a intenção de aprofundar nenhum assunto, nem se mostrar especialista em nada. São apenas impressões. Breves comentários! É isso!